sexta-feira, 6 de maio de 2016

Entre a Oralidade e a Escrita - Um Contínuo Tipológico


     O esquema a seguir nos mostra as ideias principais do texto Entre a Oralidade e a Escrita - Um Contínuo Tipológico, de José Mario Botelho: 







PRIMEIRAS PÁGINAS [1] - DA FALA PARA A ESCRITA, DO MARCUSCHI

     No primeiro capítulo da obra Da fala para a escrita – Atividades de Retextualização, Luiz Antônio Marcuschi apresenta ao leitor alguns conceitos de oralidade e letramento e a inserção de ambos na vida cotidiana. Logo no início, ele declara ser difícil tratar a relação entre escrita e fala considerando apenas o código. A partir dos anos 80, uma mudança de perspectiva deixou de lado a ideia de que oralidade e escrita seriam opostas (ideias estas ainda bastante disseminadas). Sua relação, portando, não é mais dicotômica, na qual à escrita eram atribuídos valores cognitivos intrínsecos no uso da língua, não considerando suas práticas sociais. Na atual perspectiva, oralidade e letramento são vistos como duas atividades interativas e complementares no contexto das práticas sociais e culturais.


Uma vez adotada a posição de que lidamos com práticas de letramentos e oralidade, será fundamental considerar que as línguas se fundam em usos e não o contrário. Assim, não serão primeiramente as regras da língua nem a morfologia os merecedores da nossa atenção, mas os usos da língua, pois o que determina a variação linguística em todas as suas manifestações são os usos que fazemos da língua.
p. 16

     O autor ainda esclarece que, em nossa sociedade, a escrita é muito mais do que uma tecnologia, pois se tornou um bem social indispensável para o dia-a-dia. Ao contrário do que muitos acreditam, a escrita não pode ser considerada uma representação da fala, pois, entre outros motivos, não consegue reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade. Ambas possuem elementos significativos próprios, mas não suficientemente opostos para caracterizar uma dicotomia. Tanto fala quanto escrita permitem a construção de textos coesos e coerentes, e o alcançe de cada uma depende do potencial do meio básico de sua realização. Isso reforça a ideia de que, embora a escrita muitas vezes seja relacionada com a formalidade e a fala com a informalidade, essas ideias não se mostram verídicas.


   Marcuschi, nessa primeira parte, caracteriza as quatro perspectivas da relação fala e escrita. São estas:

  Ø  Perspectiva das dicotomias: É a de maior tradição entre os linguistas e sua análise é voltada para o código. Divide a língua falada e a língua escrita em dois blocos distintos, atribuindo-lhes propriedades típicas;

  Ø  Tendência fenomenológica de caráter culturalista: Observa a natureza das práticas da oralidade versus escrita e faz análises de cunho cognitivo, antropológico ou social;

  Ø  Perspectiva variacionista: Trata do papel da escrita e da fala sob o ponto de vista dos processos educacionais, fazendo propostas específicas com relação ao tratamento da variação na relação entre padrão e não-padrão linguísticos nos contextos de ensino formal;

  Ø Perspectiva sociointeracionista: Trata das relações entre fala e escrita dentro da perspectiva dialógica.
          
         É importante ressaltar que desenvolvemos um breve resumo do primeiro capítulo do livro, e que este apresenta, de forma muito mais desenvolvida, as características de todas as perspectivas.
         
            Com esse post, pretendemos mostrar a abordagem do autor com relação ao tema, bem como a importância da obra para nos interarmos sobre um assunto tão pertinente tanto para estudiosos no assunto quanto para qualquer outro usuário da língua.
          

DICA DE LIVRO [1]

Da fala para a escrita – Atividades de Retextualização

Autor: Luiz Antônio Marcuschi



     O doutor Luiz Antônio Marcuschi, um dos nomes mais conhecidos na área da Linguística, aborda, nessa obra, a relação entre oralidade e escrita sob uma visão não-dicotômica. Segundo ele, a mudança dessa visão ocorreu a partir dos anos 80, já que antes oralidade e escrita eram vistas como opostas. Hoje, porém, predomida a concepção de que ambas são atividades interativas e complementares no contexto das práticas sociais e culturais. 
     O livro é composto por dois ensaios sobre o tema e propõe, por meio de uma linguagem acessível, diversas linhas de pensamento sobre os conceitos de oralidade e letramento. 

Editora: Cortez
Nº de páginas: 136
Ano de lançamento: 2011
Onde comprar: Extra: http://migre.me/tHeRX
                        Casas Bahia: http://migre.me/tHf3a
                        GloboBooks: http://migre.me/tHf5Z

As relações entre Oralidade e Escrita



Este blog irá tratar de vários assuntos pertinentes a qualquer usuário da língua, já que oralidade e escrita são práticas sociais as quais todos estamos habituados. Para isso, faremos uso dos conceitos de ambas as práticas adotados por Luiz Antônio Marcuschi*. São estes:


ØOralidade: Considerada uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora; vai desde uma realização mais informal à mais formal nos mais variados contextos de uso;

ØEscrita: Modo de produção textual-discursiva para fins comunicativos com certas especificidades materiais e se caracteriza por sua constituição gráfica, apesar de envolver também recursos de origem pictórica e outros.


Considerando ambos os conceitos, iremos discutir sobre as relações entre oralidade e escrita, apresentar dicas de leituras interessantes sobre o assunto, primeiras impressões sobre essas leituras e fazer relações com a sociedade para que possamos observar suas características de forma mais prática. 


*Doutor em Filosofia da Linguagem (1976) e Pós-doutor em problemas de língua escrita e oral (1987), ambos na Alemanha. É professor titular em Linguística do Departamento de Letras da UFPE, lecionando na Graduação e na Pós-Graduação. Membro de várias associações científicas nacionais e internacionais no âmbito da linguagem. Possui uma vasta publicação entre artigos e livros, sendo muitos deles pioneiros na área da Linguística.